quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Trabalho Voluntário - Lições de vida

Hoje começamos uma nova fase em nosso trabalho comunitário no Albergue Municipal de Canoas. Após dois meses de experiência apresentando jogos de computador para quem nunca sequer chegou perto de um, vimos que as pessoas - que por circunstâncias diversas acabam por lá passando, tem fome de aprendizado, querem melhorar de vida.

Então resolvemos transformar esses encontros em aulas de informática, aulas diferentes, descontraídas - mais do que isso - aulas de 'vida'.

Infelizmente não são todos que pensam dessa forma - Assim como, aqui fora, nem todos queremos fazer algo para mudar nosso destino.

O bonito é que acabo conhecendo muita gente nova, com histórias de vida que dariam filmes, daqueles que arrebentam com bilheterias. Essas pessoas que acabo conhecendo não só aprendem algo comigo como me ensinam muito - elas não sabem, mas quem realmente aprende algo lá sou eu.

E é sobre o que eu aprendo que quero escrever.

Hoje conheci o senhor 'Derli', 58 anos, pai, nunca havia chegado perto de um computador na vida. Entrou na sala e logo quis saber como poderia escrever os nomes das filhas - e com toda a paciência que só o tempo nos fornece começou a escrever. Letra por letra (e entre cada letra alguns minutos se passavam. Era emocionante ver o brilho de alegria em seus olhos a cada letra digitada. Não deu tempo de conhecer a história dele, mas pude perceber que ele não era 'de rua'.

Também pude conhecer 'Eliane'. Quem a via as gargalhadas com um joguinho de bola ao cesto não conseguiria imaginar quanta amargura ela carrega, 34 anos (parecendo muito mais), fugiu de casa por causa do marido alcoólatra. Segundo 'Eliane', ela apanhou por anos, chegou a ser esfaqueada, mas aguentava calada para proteger seu filho (hoje com 11 anos). Porém, conversando um pouco melhor com ela, vemos que ela também tinha seus defeitos, confessou ser dependente de remédios tarja-preta, extremamente ciumenta (possessiva). Ou seja, ela dava seus motivos para que a situação chegasse ao ponto em que chegou. O pior de tudo foi a confissão de ter já várias vezes tentado matar o marido envenenado.

Na verdade, chego a uma conclusão tão simples que você vai me dizer: Leandro, isso é lógico (o lógico será tema de um post futuro), mas quantos de nós realmente tem noção da importância disso?

Minha conclusão: O maior problema das famílias é a falta de diálogo.

Onde não entra o diálogo entra a discórdia, o mal-entendido, o desinteresse... Onde não entra o diálogo entra o vazio, o pouco caso, e aí surge o álcool, as brigas, as discórdias, o ciúmes, o fim de relacionamentos.

Mas sobre a falta de diálogo também falarei mais adiante. E mais adiante continuarei a falar sobre os outros personagens dessa história, e sobre como o crack destrói uma família.

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